segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A causa esquecida

A entrevista do compositor Martinho da Vila ontem (domingo, 17) num programa da principal emissora de televisão brasileira revelou uma informação importante. Martinho disse que queria colocar no samba-enredo da escola de samba Vila Isabel o termo "Reforma Agrária", no que foi aconselhado pelos outros compositores de que o termo era muito forte. Martinho então sugeriu que fosse usado então, ao menos, o termo "reformar". Mas, ainda assim, um dos compositores preferiu usar o termo "partilhar", no que Martinho concordou.

O desfile da Vila Isabel foi financiado pela empresa de produtos químicos para a agricultura, BASF. Como o agronegócio se opõe diretamente à agricultura familiar e consequentemente à distribuição igualitária de terras improdutivas para este fim, o termo "Reforma Agrária" teve de ser censurado. Isto mostra como a Reforma Agrária ainda é um tabu no Brasil, um país que se diz democrático. O tema da Reforma Agrária ainda precisa ser muito debatido. Pois enquanto uns poucos tem a propriedade de grandes extensões de terras, outros não tem nem onde morar e tem de viver de aluguel, usurpados por pessoas que acumularam capital ao longo de suas vidas exploradoras.

Não é justo que poucas pessoas sejam donas de uma localidade inteira, enquanto muitos ainda dormem na rua. O tema da igualdade social foi muito difundido, mais ainda não está esgotado, até porque não se chegou à uma solução para tal. Não que ele tenha de ser abandonado. Precisa ser mais investigado. Afinal, enquanto tem gente ficando milionária, outros buscam o que comer no lixo. Devemos insistir com as denúncias de injustiça social. Para que este mal não perdure por mais um século.

Wesley Machado
Jornalista

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